Diferenças, estigma e preconceito.


Segundo um antigo dicionário elaborado por Roquette e Fonseca, editado em 1848, desafiar é sinônimo de incitar, que por sua vez, é igual a estimular, provocar. Um outro dicionário, o Hoauiss afirma que desafio é o ato de incitar alguém para que faça algo, geralmente além de suas possibilidades, situação ou grande problema a ser vencido ou superado, tarefa difícil de ser executada.
Em todos os instantes e momentos em nossa vida somos desafiados. O desafio é algo rotineiro. Ele também nos ajuda a crescer e alcançar o estado de maturação desejável.
Quem é que em algum momento não se sentiu desafiado a ser o que não se é?
Segundo Amaral (2002), inicialmente pode-se afirmar que as ações  e os comportamentos discriminatórios, dirigidos a um alvo específico, concretizam-se em relações interpessoais mediadas por estereótipos, que funcionam segundo a autora como biombos entre os diversos atores da situação.
É a partir de mensagens transmitidas em relações anteriores e ou advindas dos meios de comunicação, predefinimos: o outro é assim, sente assim, pensa assim, age assim e assim por diante. E esse assim segundo a autora, é "uma camisa de força com a qual envolvemos nosso interlocutor e dialeticamente, a nós mesmos".
Sendo assim, não há lugar para surpresas num mundo pleno de estereotipia e, portanto não há lugar para desafios.
É assim que pensamos o estigma como sendo um selo ou o rótulo que uma dada pessoa ou grupo aplica sobre outra pessoa ou grupo. O estigma só existe e se manifesta nas interações humanas. Para Amaral (2002), o estigma não está referido a determinadas características tais como, etnia, classe social, origem, orientação sexual, deficiência etc. , mas sim à leitura social que delas é feita no contexto das relações interpessoais.
Alguma consequências danosas advêm quando o estigma está presente: há a desumanização seguida da coisificação daquele que o recebe e há a potencialização, daquele que o impinge.
Só discrimina, segrega, aquele que confere ao outro um lugar menor, de menos valor, e a si mesmo um lugar maior, de mais valor. Este é, em última instância, o peso do estigma. Conclui a autora.

Referência:

AMARAL, Lígia Assunpção. Diferenças, estigma e preconceito: o desafio da inclusão. In: OLIVEIRA, Marta Kohl de. Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea (org.). São Paulo: Moderna, 2002.

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