
PROCESSO ENSINO-APRENDIZEAGEM
O CONTEXTO EDUCACIONAL E A DINÂMICA PSICOSSOCIAL
LUCIANO MEDRADO·
RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar o desenvolvimento de estudos reelaborados em sala de aula tomando por base as teorias de aprendizagem e seus aspectos culturais, sociais e psicológicos. Aborda os processos de escolarização e o desenvolvimento de componentes simbólicos, motivacionais e trasnferenciais na relação professor-aluno uma vez que estes relacionamentos são interativos, sociais e políticos.
PALAVRAS CHAVES: Aprendizagem, ensino, aquisição, transferência e motivação.
A educação, processo de desenvolvimento essencial ao ser humano, não é estática porque acompanha a evolução e, portanto, é dinâmica e adaptável a cada novo tempo que chega. Não obstante, são criados modelos de se educar que permanecem por determinado período – às vezes longo – nas famílias, escolas e organizações. Há uma constante preocupação quanto à validade de cada modelo, a sua obsolescência ou tempo de vida útil, levando muitos estudiosos a compreender o momento em que vive a sua sociedade e as novas demandas educacionais.
Quando se trata da educação no âmbito da formação escolar, vêem-se constantes debates a respeito das formas mais adequadas para se promover as relações que permeiam o conhecimento. Percebe-se, cada vez melhor, a sutileza com que se processa a relação ensino-aprendizagem. Nomes consagrados do meio, a exemplo de Paulo Freire, revelam que "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção".
Surgem, então, novos desafios para quem deseja construir métodos e estratégias educacionais de forma refinada, levando-se em conta a evolução pela qual trafegam mestre e aluno. Esse movimento não ocorre com facilidade, ou seja, opera-se uma revolução. Transformações desse porte causam o já conhecido caos, que só é descrito após a sua reorganização. Enquanto ele existe, pouco se percebe a respeito em virtude do furacão que se agita e dificulta a compreensão pelo tempo nele envolvido.
Ao focar esse tipo de desafio na vida escolar, devem-se levar em conta diversos aspectos colaboradores e de alta motivação, tais como:
Considerar, enquanto avaliação preliminar, os alunos (o seu ambiente comum, os seus horários de estudo, idades e responsabilidades familiares e sociais, etc).
Observar o conhecimento prévio que cada aluno traz consigo, e as experiências. Relevar o fato de que este conhecimento já adquirido facilita a aquisição de novo saber, sem esquecer que deve haver o respeito para com a quantidade de novas informações a serem fornecidas diariamente. No eixo da aprendizagem, encontram-se três elementos para adquirir o saber: qualidade, quantidade e tempo. Se há pouco tempo e opta-se pela qualidade, o resultado será baixa quantidade. Se a opção for pela quantidade, obter-se-á baixa qualidade. É uma escolha que deve ser feita mediante as condições existentes na programação escolar. Um bom planejamento deve prever essas condições para que possam gerar maiores êxitos.
Outro item importante é o conhecimento que o mestre tem, disponibilizando-o na construção do contato diário com os alunos. Boa formação profissional é sempre bem vinda. No entanto, deve-se lembrar que outros conhecimentos são também fundamentais, tal como o emprego das teorias e filosofias de liderança. Tem maior chance de facilitar o processo de ensino-aprendizagem o educador-líder ou líder-educador. Afinal este se conhece, conhece o outro e as mudanças que ocorrem ao longo da vida, exercitando a empatia e obtendo um diagnóstico constante de como os seus alunos aprendem, e ainda as suas dificuldades, anseios e as possíveis dificuldades de aprendizagem.
A Psicologia educacional apresenta-se hoje como uma área do conhecimento com identidade bem definida. Hoje é plausível o seu interesse documentado historicamente na contribuição e formação intelectual dos educandos, com a qualidade de suas aprendizagens e não só, mas como também com o seu complexo desenvolvimento pessoal e social.
Um dentre tantos papéis que a escola exerce é aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, buscando compreender como este aprende, um fenômeno que envolve processos e fatores que terá repercussões essenciais nas atividades de quem ensina e também de quem aprende, para também ensinar. Saber como acontece a aprendizagem e a sua relação entre os atores envolvidos nela constitui-se elemento facilitador e promotor do desenvolvimento de estratégias de ensino mais efetivas e significativas.
Para aprender, os indivíduos utilizam recursos internos, cognitivos e afetivos para atingirem seus objetivos. Estes recursos por sua vez são técnicas ou métodos, seqüências de procedimentos ou atividades que as pessoas usam para adquirir, manter, integrar ou utilizar a informação, transformando-a em conhecimento. Portanto, ensinar a pensar significa tornar o aluno sujeito da própria aprendizagem potencializando-o a interferir no concreto datado e histórico, contribuindo também para o prolongamento da sua, e da história somada às diversas histórias de outros sujeitos sociais, formando um todo coletivo. Entender isso significa por sua vez que é possível auxiliar o aluno a aprender a aprender ao longo de toda a sua vida.
Dificilmente poderemos compreender o mundo social se não nos esforçarmos por reconhecer, antes de tudo, que a grande maioria de seus membros são escolarizados em diferentes graus e sob diferentes formas. Desse ponto de vista, pode-se afirmar que o ensino em ambiente escolar representa uma das esferas na sociedade moderna, em que o social, através de seus atores, seus movimentos sociais, suas políticas e suas organizações, volta-se reflexivamente a si mesmo para assumir-se como objeto de atividades, projetos de ação e de transformação, uma vez que o ensino escolar possui uma proeminência sobre outras esferas de ação, já que o pesquisador, o operário, o tecnólogo, o artista, o político e tantos outros profissionais que poderíamos elencar aumentando o rol de atores que hoje devem ser necessariamente instituídos antes de ser o que são e para poderem fazer o que fazem.
Este artigo se propõe a adentrar no coração do processo de ensino-aprendizagem e escolarização, analisando estas interfaces e seus atores: os professores interagindo com os alunos e vice versa. Afinal, a docência e sua interação, aqui, será compreendida “como uma forma particular de trabalho sobre o humano, ou seja, uma atividade em que o trabalhador se dedica ao seu objeto de trabalho, que é justamente um outro ser humano, no modo fundamental da interação humana[1]”(TARDIF,2005, p.08).
As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das conseqüências, pois a educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana.
Neste sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus conteúdos.
No entanto este paradigma deve ser quebrado, é preciso não limitar este estudo em relação comportamento do professor com resultados do aluno; devendo introduzir os processos construtivos como mediadores para superar as limitações do paradigma processo-produto.
Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.
O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno. Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária a conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização.
De modo concreto, não podemos pensar que a construção do conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é produto da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O papel do professor consiste em agir com intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação.
O trabalho do professor em sala de aula, trabalho este compreendido como um encontro semanal, onde os participantes se defrontam, se comunicam, se influenciam mutuamente, seu relacionamento [professor] com os alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com cultura, ou seja, é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade.
A relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Neste ínterim é correto conceber que embora professor e aluno desempenhem papéis diferenciados nessa relação em sala de aula voltada para a aprendizagem, mas não só para ela, cabe ao primeiro dar a “nota certa” no relacionamento estabelecido entre eles. Sendo assim percebemos que o cerne deste processo está intrinsecamente ligado a interação. Indica também, que o professor, educador da era industrial com raras exceções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais. Com isso queremos trazer em foco que o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade, que de fato é um catalisador eficaz colaborando também para uma boa aprendizagem dos alunos.
A experiência que envolve ensinar e aprender integra dois sujeitos que assumem simultaneamente os papéis de mestre e aprendiz, sendo assim, por excelência, rica e desafiante. Como é interessante, diga-se de passagem, transitar nas idéias de Freud e Vygotsky na tentativa de entender melhor sobre a aprendizagem e o sujeito que aprende. Vygotsky sistematizou uma abordagem nova sobre a construção do conhecimento Para ele, o desenvolvimento não depende apenas da maturação, como defendiam os inatistas, sobre o processo de desenvolvimento do pensamento. Ao falar sobre as funções cognitivas complexas de um sujeito contextualizado e histórico, deu destaque à linguagem, que se interpõe entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Freud explica que a educação transmite uma moral que julga o sujeito. Quanta complexidade envolve o Humano no processo ensino-aprendizagem! Somos o produto de vários fatores (Bio- Psico- Social) que nos acompanham desde a mais tenra idade. Somo seres em permanente estado inacabado, quer educandos ou educadores.
Voltando ao tema docência, é de inquestionável precisão como diversos autores ligam este termo (função) com compromisso. Por sua vez ao falar de compromisso estamos dizendo que o professor nas suas inter-relações em sala de aula precisa ultrapassar a reprodução dos conteúdos curriculares, promovendo com a turma na qual trabalha, compreendendo o grau de desenvolvimento cognitivo dos seus educandos, um posicionamento crítico frente a tais conteúdos trancendendo-os para uma reflexão além dos temas da sala de aula. Todo conteúdo, informação ou conhecimento só será importante a partir de sua aplicabilidade no dia-a-dia. O mais importante não é ter conhecimento somente, mas muito mais é o que fazer com esse conhecimento.
Pressupomos então que neste contexto reside o caráter social da educação, onde esta é concebida como um processo de ensino-aprendizagem em que a influência interpessoal visa a produção de mudanças comportamentais no aluno. Mas também é plausível que tão modificação não acontece somente no aluno. Ao influenciar o aluno, o professor também é influenciado por este a partir das trocas conceituais dos temas abordados, acontecendo um processo bidirecional que deve ser de extrema valia em sala de aula. Ainda neste mesmo caminhar a relação inter-classe inevitavelmente promove a alteridade, ou seja, eu enquanto aluno me enxergo no professor, aprendo com ele mas não o sou, sou totalmente outro, não perdendo minha condição de aluno o que não me inferioriza. A situação oposta também acontece. Algo que aqui pode ocorrer e buscaremos apóio na psiquiatria é o que chamamos de transferência que poderá trazer alguns prejuízos no processo ensino-aprendizagem. O que acontece quando há uma situação de transferência em sala de aula? Vejamos: uma criança, jovem ou adulto em um determinado momento situacional pode transferir os sentimentos de admiração e ligação com o pai ou a ausência destes para o professor. “No léxico psicanalítico, o termo transferência denota o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos, no quadro de um certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. Trata-se aqui de uma repetição de propósitos infantis vivida com uma sensação de atualidade acentuada”(AQUINO[2] et al, LAPLANCHE, 1988, p.668/69).
O que se pode observar é uma apropriação inconsciente, uma reedição inconsciente numa relação atual, de protótipos das relações infantis onde os impulsos e fantasias do aluno são endereçados são reconstruídos e presentificados na relação com o professor. Ainda, é uma determinada apropriação inconsciente de uma determinada forma ou objeto, enquanto preenchido de valor simbólico, no interior de uma relação, para então esvaziá-la e atribuir a esta relação um sentido próprio e particular, conferido somente ao aluno, define Aquino citando Kupfer(1989).
Desta forma, por sua vez o professor se definiria como o depositário de uma imissão libidinal do aluno, e suporte de um deslocamento de sentido e poder à sua figura. Para o aluno o professor ocupa o posto que em psiquiatria chamamos de ideal de ego, ou seja, a instância da personalidade resultante da convergência e das identificações com os pais, com os seus substitutos e com os ideais coletivos, no qual o aluno procura identificar-se.
Sendo assim, o conceito de ideal de ego encontra-se intrinsecamente ligado ao de identificação, processo este por meio do qual o aluno assimila um aspecto, uma propriedade do professor e se transforma total ou parcialmente, segundo o modelo deste. Em tais processos identificatórios, o que se deseja de fato numa instância subjetiva é um vir a ser como o outro, a quem se está identificado.
Um outro aspecto interferencial neste processo que até aqui estamos esboçando no que se refere ao ensino-aprendizagem é o papel da motivação em sala de aula. A falta de motivação é causada por características pessoais do aluno e contexto da escola. O medo do fracasso e a forma de encará-lo; a falta de clareza sobre os objetivos da aprendizagem; e a não satisfação das expectativas são alguns dos motivos de ordem pessoal.
Além deles, existem as influências de pais, colegas e grupos sociais, mais as experiências anteriores de cada um. Junte-se a isso o ambiente da escola e da sala de aula para o desenvolvimento das atividades, como a organização, a interação com o professor e a avaliação. É aí que o educador pode intervir.
São duas as causas da motivação em sala de aula. A saber: As motivações intrínsecas vêm do próprio aluno: a vontade de aprender e de buscar soluções para os problemas, a escolha e a realização de tarefas que sejam atraentes e desafiadoras para ele. O estudante pode também sentir uma necessidade pessoal de reconhecimento social ou de aprovação no grupo. As extrínsecas vêm de fora: notas, aprovação no final do ano, estímulo familiar por médias elevadas. Esses elementos não podem ser um fim em si mesmos, mas se utilizados com critério e bom senso fazem surgir — ou ressurgir — a motivação intrínseca.
Ao professor atento, Independentemente da disciplina ou série, é possível manter alto o nível de motivação adotando algumas destas posturas a seguir.
Mostre-se entusiasmado com os conteúdos e as competências que está ensinando.
Desperte a curiosidade destacando a relação do conteúdo com fatos corriqueiros.
Oriente a aprendizagem para a compreensão dos fenômenos, não para a memorização.
Elabore atividades que mostrem como o aluno evolui.
Use um ritmo que permita que todos acompanhem o encadeamento de idéias.
Mude a estratégia ao perceber que os alunos não aprenderam.
Estabeleça metas realistas e explique detalhadamente os objetivos, combinando regras.
Dê pistas de como superar as dificuldades sem revelar de imediato a solução.
Evite avaliações negativas, comparativas e ameaçadoras da auto-estima do aluno.
Embora todos os educadores saibam a importância da educação para o desenvolvimento do ser humano, fazer com que crianças e adolescentes compreendam isso é certamente mais difícil. Mas está longe de ser impossível. Ao contrário. Não se pode esperar que todos os alunos queiram estudar e se interessem, pois muitos acham a escola chata e a freqüentam por obrigação.
Várias pesquisas têm sido elaboradas e diversas teorias têm tentado explicar o funcionamento desta força que leva as pessoas a agirem em prol do alcance de objetivos. Analisando as enquetes a respeito do assunto percebemos que existe ainda muita confusão e desconhecimento sobre o que é e o que não é motivação. Vemos ainda que a motivação é quase sempre relacionada com desempenho positivo.
Muitas vezes, uma pessoa sente-se levada a fazer algo para evitar uma punição ou para conquistar uma recompensa. A iniciativa para a realização da tarefa não partiu da própria pessoa, mas de um terceiro, que a estimulou de alguma forma para que ela se movimentasse em direção ao objetivo pretendido. A pessoa não teria caminhado em direção ao objetivo caso não houvesse a punição ou a recompensa. As pessoas podem, também, agir levadas por um impulso interno, por uma necessidade interior. Neste caso, existe vontade própria para alcançar o objetivo, existe motivação, que pode ser transformada em movimento permanente por meio de uma determinada estimulação. Aliás, é isso que as organizações produtivas buscam. Porém, na maioria das vezes, o que se vê é a aplicação de técnicas de estimulo ao movimento imediatista. O movimento é uma situação passageira. Só dura enquanto persistirem os estímulos que o geraram. Além disso, a eliminação dos estímulos normalmente provoca insatisfação e um comportamento indesejável.
Neste sentido, faz-se necessária a presença da motivação nas instituições de ensino, não só motivação dos alunos, mas também motivação de professores e profissionais envolvidos no processo educativo, a fim de que obtenhamos maior prazer em aprender e melhores resultados na hora de ensinar. Alunos motivados, mostram melhores desempenhos; professores motivados, demonstram maior envolvimento.
Como, nós professores, poderemos transformar a nossa sala de aula em um lugar motivador para estas crianças que respiram computador e videogames? De que forma, em sala de aula, poderemos competir com as cores e o dinamismo dos jogos eletrônicos?
Os videogames, a televisão, o computador dispõem, através de seus recursos audiovisuais, da magia de transportar o intelecto da criança para galáxias distantes. Propicia que ele voe que ele encontre e se comunique com os seres mais exóticos que se possa imaginar. Proporciona que ele construa um personagem, dê a ele uma família, uma sociedade inteira, fazendo com que ele viva nesta cidade com todo o dinamismo de uma vida “real” verdadeira. Tudo isso sem que ele precise levantar-se do sofá.
O que então resta para a escola, numa sala de aula, onde a criança também tem que permanecer sentada, só que, ao invés de um controle remoto é um lápis que ela tem na mão. Ao contrário de galáxias fluorescentes ou de cenários construídos com cores vibrantes, o que há à sua frente é uma lousa que pode ser branca, preta, verde. Não importa a cor, tudo ali é estático.
De que forma então o professor poderá “prender” a atenção deste aluno, que deixou em casa lhe esperando, toda aquela “máquina de sonhos”!Difícil responder? É uma competição injusta? Não. Por quê? Porque o professor tem nas mãos o maior recurso que o ser humano pode ter – o cérebro!
Todos estes brinquedos também trabalham com o cérebro. Só que com a parte lúdica do cérebro. Depois que deixou de ser ilusória, ou seja, depois que a criança ultrapassou todas as fases e chegou ao final do jogo, não há mais interesse naquele jogo. Daí a necessidade constante da criação de novos jogos. Nestes jogos a criança tem a consciência de que terá um fim. Ela sabe onde deve chegar.
Já o professor o poderá conduzir a caminhos infinitos através do raciocínio.
O raciocínio é tudo o que temos de bom. A criança que sabe raciocinar terá desenvolvido nela a auto-confiança, pois saberá que para tudo haverá um caminho, uma solução, um lugar a chegar.
O professor que prepara uma aula totalmente expositiva, “recheada de conhecimentos” pode correr o risco de ter sua aula rotulada como ‘massante” e sem qualquer atrativo. Hoje em dia, qualquer pessoa tem acesso livre, através dos computadores, a uma enorme quantidade de informações.
O professor, na verdade, terá que levar seus alunos a descobrir, através do raciocínio, tudo aquilo que ele quer ensinar. Terá que desenvolver neles a criatividade. Ter criatividade é enxergar o óbvio. É ver tudo aquilo que sempre esteve ali e ninguém viu.
Ele poderá se valer de pistas, de dicas ou de qualquer outro recurso que leve o aluno ao raciocínio e conseqüentemente irá despertar nele o interesse para o tema abordado.
O professor que souber conduzir sua aula num eterno “raciocinar” além de atingir totalmente seu objetivo, será um professor amado por seus alunos.
· Graduando do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Campus de Jequié – BA.
[1] TARDIF, Maurice. O trabalho Docente, elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas.
[2] AQUINO,Julio Groppa. Relação professor aluno: do pedagógico ao institucional. São Paulo: Summus, 1996.
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