Cada um de nós exibe, em nossas rotinas diárias, habilidades extraordinárias e características distintivas. Todas e cada uma delas imensamente recheadas e participadas de singularidades. Comemos, bebemos, nos comunicamos, nos movemos no tempo e no espaço, vivendo e saboreando a dinamiciade da vida, utilizando nosso corpo de várias maneiras, experimentando felicidade e tristeza, tensão e relaxamento, como dizia o Padre Fábio de Melo, um jogo constante de contrários, de tese, de antítese e de síntese constantes, enfim, nos engajamos em atividades de trabalho que demandam vários saberes e, finalmente, descansamos e dormimos.
Nesse processo, nos ligamos a nossos ambientes e arrolamos os recursos a que temos acesso em nossas ações.
Como demonstraram os sociólogos da vida cotidiana, a exemplo de Zygmunt Bauman, nossas habilidades para desempenhar tarefas e interagir uns com os outros exigem um conhecimento tácito, sem o qual a trama da vida social não seria possível. Por transitar o nosso mundo costumeiro, do cotidiano não questionamos essas coisas, considerando-as indiscutíveis - exceto quando não dão certo. Nessas horas, alguns momentos de reflexão podem nos levar a considerar ou questionar circunstâncias, esperanças, medos, aspirações e desejos conformadores de nossa vida. Esses atos de questionamento podem ser provisórios, simplesmente para nos mandar de volta às rotinas integrantes de nossa experiência, ou produzir efeitos mais profundos e nos levar a alterar as trajetórias de nosso curso vital. A vida humana não se conjuga com imobilismos, paralisias atenuantes, cárce cerceador das nossas possibilidades.
Seja qual for o resultado, ao refletir sobre nossas ações, em geral nos consideramos autodeterminados, isto é, seres autônomos, dotados de habilidade e de capacidade para agir de acordo com os fins que perseguimos. Isso, porém, presume que somos nós que manipulamos nossos ambientes. E se, ao contrário, esses ambientes nos manipularem? E se formos o produto da interação de nós mesmos, os outros e os ambientes em que vivemos? Me questiono ainda: e se não existir um livre arbítrio total? Se as nossas escolhas forem circustanciais também? Paremos para pensar e refletir. Grande e forte abraço.
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