"info-sentimentos", pessoas "orkutizadas"

Hoje, ou poderia dizer, que há um bom tempo venho refletindo o valor e a qualidade de uma amizade. Digo isto porque vejo que poucas são as pessoas que conseguem construir uma amizade sincera e enternecida, onde encontramos sentimentos como compaixão, a alegria de saber que se têm alguém para conversar, falar da vida, escutar o coração. Um amigo de verdade nunca é um peso, um fardo. Amigos sabem ser verdadeiros, podem falar a sua verdade porque sabem que serão pelo menos compreendidos. A compreensão acontece porque não existe distância entre o que eu sou e o que eu mostro ser para o amigo. Com o amigo eu me sinto mais confortável em ser eu mesmo, não que eu não seja para com os demais, mas com o amigo sempre é diferente.

Mas ultimamente, tenho me questionado sobre o valor de uma amizade. Poucos querem ser amigos, porque amizade sincera é revelação, é espelhamento é colocar-se desnudado frente ao outro e no outro ser espelhado. Toda relação é encontro. Encontro consigo a partir da vivência com o outro. Mas infelizmente poucos são os que se deixam encontrar, ainda são resistentes e quando se encontram não sabem viver a amizade mas querem se beneficiar dela. Isso não é bom! Hoje vemos o quanto é necessário as pessoas redescobrirem o sentimento de pertencimento e cuidado. Quando gostamos de alguém é inato cuidar. Mas as pessoas estão perdendo esta dimensão. Cada vez mais estão distantes uma das outras. Culpar? Acredito não haver culpados. Culpar o Orkut, msn e tantos outros? Acredito que não seja esta a saída. Eles tem o seu valor. Mas o que me incomoda é quando percebo que as amizades se reduzem a isto, aí sim vemos pessoas frias com "info-sentimentos", pessoas "orkutizadas", às vezes penso que o orkut substituiu aquelas revistinhas antigas onde colecionávamos figurinhas. São tantos os "amigos" que pedem para serem adicionados mas não se falam, não se tocam, sem falar daqueles que quase nunca mandam um scrap. No meu orkut tenho um monte dessas figurinhas e isso é uma pena. Está na hora de repensarmos o valor de ter alguém ao lado e bem perto ao coração.

Abração,

Luciano Medrado.